Aqui e agora.2

A estratégia – proposta na publicação anterior – com o objetivo de definir o aqui e agora e, dessa forma, remeter para o tempo e espaço próprios representações descontextualizadas e perturbadoras – é também eficaz quando somos atormentados por desejos, impulsos, memórias dolorosas.

O processo é sempre lento, o cérebro terá de alterar informações que se repetiram e que formaram “sulcos” porque muito repetidas.

Ser insistente (sem obsessão) é fundamental.

Poderemos ajudar-nos, neste processo sempre lento, alterando a forma do monstro, retirando-lhe ferocidade (suavizando as garras, por exemplo).

 Jogando com a cor e a transparência no sentido de alterar a materialidade pode ser também efetivo.

Visualizá-lo a levantar voo, a elevar-se, a voar, a distanciar-se até o perdermos de vista.

Esta forma tem um duplo efeito:

desmaterializa (um monstro grande e pesado – de forte materialidade – tem dificuldade em voar),

distancia-o de nós.

 Qualquer alteração e, sobretudo, alterações referentes a objetos ou desejos pesados, criam perturbação e poderemos ter dificuldade em suportá-la.

Quando “o monstro” começar a desaparecer vamos sentir-nos deprimidos – afinal criámos um vazio, mesmo que seja um vazio de algo que era mau.

O equilíbrio será reposto com o tempo.

O humor – para quem tenha sentido de humor – através do desenho, da escrita ou da fala é uma forma excelente para desdramatizar monstros. Poderá também ajudar a neutralizar a força de desejos insistentes e a controlar impulsos.

 Ao desmaterializarmos monstros, ao libertar-nos do seu peso e embaraço, estaremos a caminho de novos equilíbrios.

Ao neutralizarmos impulsos e desejos destrutivos, teremos mais espaço de construção.

A libertação ganhará sentido.