A estratégia – proposta na publicação anterior – com o objetivo de definir o aqui e agora e, dessa forma, remeter para o tempo e espaço próprios representações descontextualizadas e perturbadoras – é também eficaz quando somos atormentados por desejos, impulsos, memórias dolorosas.
O processo é sempre lento, o cérebro terá de alterar informações que se repetiram e que formaram “sulcos” porque muito repetidas.
Ser insistente (sem obsessão) é fundamental.
Poderemos ajudar-nos, neste processo sempre lento, alterando a forma do monstro, retirando-lhe ferocidade (suavizando as garras, por exemplo).
Jogando com a cor e a transparência no sentido de alterar a materialidade pode ser também efetivo.
Visualizá-lo a levantar voo, a elevar-se, a voar, a distanciar-se até o perdermos de vista.
Esta forma tem um duplo efeito:
desmaterializa (um monstro grande e pesado – de forte materialidade – tem dificuldade em voar),
distancia-o de nós.
Qualquer alteração e, sobretudo, alterações referentes a objetos ou desejos pesados, criam perturbação e poderemos ter dificuldade em suportá-la.
Quando “o monstro” começar a desaparecer vamos sentir-nos deprimidos – afinal criámos um vazio, mesmo que seja um vazio de algo que era mau.
O equilíbrio será reposto com o tempo.
Será interessante repetir a proposta feita na publicação de 2 de maio “quarto escuro”.
O humor – para quem tenha sentido de humor – através do desenho, da escrita ou da fala é uma forma excelente para desdramatizar monstros. Poderá também ajudar a neutralizar a força de desejos insistentes e a controlar impulsos.
Ao desmaterializarmos monstros, ao libertar-nos do seu peso e embaraço, estaremos a caminho de novos equilíbrios.
Ao neutralizarmos impulsos e desejos destrutivos, teremos mais espaço de construção.
A libertação ganhará sentido.
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