Azul, cheio
A flor era azul.
Ele era cheio.
Azul e cheio não combinavam, por isso fez dieta e ficou elegante.
Mesmo assim não conseguiu a proximidade com o azul.
– Mas se o céu é azul – fez notar a sua amiga – e todos consideram tão bonito o céu.
Ele imaginou aves a voar.
Em bando.
Muitas aves – levantavam voo e subiam em direção ao azul.
Afastavam-se.
Uma sensação de infinito enchia-lhe o peito – quase se sentia ave, quase levantava voo, quase se perdia no azul.
E o cheio?
O que fizera dele?
(textos)
Habituámo-nos a considerar criatividade e memória separadas e até a valorizar a primeira relativamente à segunda. Mas memória e criatividade estão ligadas. Poderá mesmo dizer-se que a criatividade começa na memória.
As palavras podem transformar, no bom e no mau sentido.