“Permaneceu deitada, de olhos fechados, escutando o silêncio do final do dia.
A dado momento, sentiu-se oscilar entre um fluxo e refluxo negros. Depois, um espaço côncavo, também negro mas menos escuro, cresceu a toda a volta. E como cresceu! Fez-se infinito. Infinito e negro.
Se tivesse tido tempo, ter-se-ia assustado; mas aquela ondulação de negros e cinzentos escuros havia tomado conta de si – do seu sentido de existência. Trouxera-lhe uma tranquilidade sem precedentes e a sensação de estar fora do tempo, num espaço que dominava tudo, incluindo ela. E esse espaço era um côncavo imenso preenchido por movimentos que se animavam de forma rítmica.
Depois, quando o preto se esvaiu e o cinzento se apropriou do espaço, todo o movimento se aquietou.
….
Tentou refazer o movimento para cá e para lá, inclinando o corpo num e noutro sentido; mas só reencontrou o movimento, o sentido perdera-se.”
(textos)
Além de quererem um espaço e um tempo próprios, as memórias remotas que, em principio, consideraríamos abstratas, têm a força de algo concreto. Parecem pedir uma terceira definição.
A relação deste texto com a proposta que, a seguir, faço não é clara, mas surgiu, naturalmente, por isso a faço neste momento.
Deitado(a), descontraído(a) sentir (vendo) um movimento, em forma de onda, de média amplitude, atravessar todo o corpo de alto a baixo.
Num primeiro momento é difícil regular a amplitude e a velocidade do movimento. Repetir até conseguir um movimento mais lento e de menor amplitude.
