Os meus pés
Ao passar a andar ereto, o homem (ou a criança que gatinha) distancia-se da terra e entra de forma significativa no ar. O corpo que se orientava segundo um eixo horizontal passa a referenciar-se a um eixo vertical.
As mãos ficam libertas.
O outro lado desta elevação é que os pés ficam a sustentar todo o peso do corpo. Carregam 20, 30…60…90…quilos durante 20,30…90… anos.
Às vezes, manifestam-se, cansados, zangados ou doentes, mas continuam a levar-nos aonde queremos ou precisamos de ir.
São merecedores de todo o nosso amor.
Vamos ouvir o que têm para nos dizer.
Descontraímos de forma a obter silêncio interno e concentramo-nos nos pés. Uma luz suave que os percorre ajuda-nos a ver a forma de cada dedo, unha, osso ou nervo ou pele…
Demoramo-nos – poderemos acordar emoções ou perceber alguma informação. Referenciamos umas e outra.
Queremos agradecer, queremos enviar-lhes afeto – convoquemos partes do corpo (olho, mão, ombro…) para lhes enviar uma saudação afetuosa.
Os pés ligam-nos à terra – não esqueceremos isso.
Pintura de : Tom Wesselman – 1931
