Eu penso que a evolução se faz no sentido da organização e da diferenciação, mas o acaso continua lá.
Faz-se, ainda, no sentido da imaterialidade. O momento que vivemos não é propício a pensar desta forma – há um enorme ruído no que concerne a materialidade.
Haverá que definir imaterialidade?
Ou estamos a andar para trás para saltar melhor?
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Quando sofremos a influência de memórias remotas, regredimos – ao regredir, as nossas capacidades diminuem – a dificuldade na concentração da atenção pode ser dramática.
Em processo de aprendizagem é penoso.
Mas também o é na vida do dia a dia – conduzimos em sítios e horários complicados, sobretudo nas grandes cidades.
Executamos tarefas que exigem muita atenção – demasiada atenção.
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Num sentido geral, todos somos violentos, mas alguns são mesmo muito – física e verbalmente – e não avaliam, na boa medida, o efeito negativo que podem ter sobre os outros.
Sobretudo sobre os que lhes são próximos.
Sobretudo sobre as crianças.
A violência externa, repetida, mas também a pontual – se for traumática – acordam a violência interna.
Acordada a violência interna, a vida pode ficar definida por sofrimento interno e, ainda, por violência.
Esta é uma matéria muito pesada e não há uma estratégia clara para a tornar leve.
Melhorar exige persistência e esclarecimento.
Exige criatividade na procura e escolha de estratégias.
Proponho que chamemos a linguagem em nossa ajuda. Através da linguagem podemos exprimir para nós ou para outros aquilo que sentimos,
aquilo que queremos (ou não) fazer.
Podemos (e devemos) desenvolver um diálogo interno através do qual possamos gerir e avaliar as nossas escolhas.
Podemos ir criando uma narrativa (diferente) – o cérebro adora narrativas – talvez porque se fez no tempo.
Podemos criar uma palavra só nossa. Para começar, partimos de uma já existente – deverá ser pequena e ter um som que nos agrade.
Teremos de lhe atribuir uma significação. Essa significação tem de se ligar à situação em que queremos intervir,
tem de ser uma significação organizadora.
Sempre que algo fora de contexto (palavra, desejo) surja, contrapomos essa palavra.
É como dizer – não é isso, é isto.
Sendo só nossa, devemos guardá-la.
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Visualizar, repetidamente, um nó a alargar, no cérebro, poderá aliviar de uma memória negativa e persistente.
Desmaterializar pode ser também uma forma de ir neste sentido de perder força, perder peso (matéria)
Se uma imagem pode ser muito persuasiva, a linguagem pode levar a vantagem em termos de integração. A linguagem tem um sentido mais claro. É, por norma, mais racional.
Nota: A violência externa não vem só das pessoas, vem das imagens que vemos de forma repetida, dos livros…