“Fechei os olhos e imaginei uma cerejeira quase em flor. Centenas de botões esperavam…
Vi um botão a abrir, depois outro e outro e outro.
Prolonguei o jogo
A cerejeira ficava coberta de flores…
Os meus olhos não viam, mas era como se vissem.
Seguiram o movimento de cada flor.
Repetidamente.
Os meus olhos aprenderam esse movimento.
(de: O estranho caso do livro em branco)
Este movimento de abertura tinha como intenção predispor a personagem para criar – neste caso, escrever.
Ficam outros exemplos de movimento de abertura: ver aves a voar, rotundas de onde saem vários caminhos, viver aventuras por sítios novos (viajar) , reciclar objetos velhos dando-lhe outra forma ou outra utilização. Abrir-se a outras relações, novos sentimentos, outras iniciativas.
Ficam também exemplos de movimento de fechamento: apertar a malha de uma rede, diminuir a amplitude de um ritmo, visualizar figuras geométricas.
Em qualquer dos casos – e sempre que pretendermos alterar alguma coisa – é necessário criar um ambiente de disponibilidade e de silêncio. Silêncio interno e externo. É necessário ver – ver mesmo – e repetir.
No mesmo livro, vai aparecer um segundo momento que dará continuidade ao primeiro. Este decorre do ciclo natural.
“Reencontrei a cerejeira – as flores já caíram.
Em breve será a vez de os frutos nascerem.
Vejo em cada ramo, pequenos frutos verdes.
São muitos e eu vou vê-los todos.
Um
a
um
…..”