Vassoura mágica

Estamos no tempo de enviar mensagens ao pai natal, estamos também no momento de criar magia.

Esta pequena narrativa retirada do meu livro “O estranho caso do livro em branco” vem nesse sentido.

“Era uma vassoura muito especial. Leve como uma pluma, colorida como um arco-íris.

E, como todas as vassouras, servia para varrer. Mas como era tão bonita, a menina não queria usá-la para que não ficasse suja. Arrumara-a a um canto do quarto e lá a deixara até ver.

Uma noite, a menina não conseguia dormir porque os seus pensamentos estavam muito pesados e sem nenhuma cor. Ela olhou a vassoura e só de a olhar sentiu-se melhor. Então, teve uma ideia – pôs a vassoura a dormir a seu lado.

De noite, mesmo sem acordar de todo, ela ouvia um ruído que parecia uma vassourada; mas como tinha muito sono, continuava a dormir.

De manhã, acordou leve e contente. Ficou muito admirada:

– Para onde fugiram o medo e a tristeza que eu sentia ontem à noite?

Olhou para a vassoura que continuava a seu lado, e sentiu que ela ria disfarçadamente.

A menina ficou desconfiada, esperou um pouquinho, e quando lhe pareceu que ela estava, de novo, a rir, perguntou-lhe:

– Foste tu que varreste os meus pensamentos maus?

– Claro que a vassoura não respondeu – as vassouras não falam – mas uma voz dentro da menina, dizia:

Vassoura mágica

Leva as minhas mágoas

Como o vento leva

As folhas secas

No outono

A partir desse dia, quando se sente triste, ao deitar-se, a menina chama a mesma voz para a ouvir dizer:

Vassoura mágica

Leva as minhas mágoas

Como o vento leva

As folhas secas no outono

Depois fica a ver as folhas a serem levadas, levadas, levadas…

Aquela voz já está dentro dela; mas foi a vassoura que lha deu.

Era, sem dúvida, uma vassoura mágica.