Nós.2

Joseph-Emile Muller em L Art Moderne escreve:

“Chez les sculpteurs surtout, il n est pas rare de voir des jambes humaines qui s apparentent à des jambes d animal, des bras qui évoquent des serpents ou des branches”.

Através destas expressões o homem manifesta o desejo de voltar à unidade primordial da natureza da qual se afastou com o desenvolvimento das capacidades intelectuais – avança, ainda, este autor.

Não obstante o desejo de união – pouco assumido no homem moderno – eu acrescentarei a presença, em pano de fundo, de memórias fora do contexto humano.

Na verdade, o desenvolvimento das capacidades abstratas que vão de par com a perda de materialidade, levaram o homem a criar religiões, construir filosofias, propor hipóteses e, sempre num nível que não corresponde ao das nossas origens.

Temos, às vezes, a impressão que começamos a construir pelo telhado.

Se estas memórias forem aclaradas no seu sentido e integradas no contexto próprio, deixarão de povoar e, às vezes, ensombrar, os nossos sonhos e fantasias – é este o sentido da proposta que venho desenvolvendo.

Além das condicionantes de natureza biológica, social e outras a que a sexualidade está condicionada, eu acrescentei as da natureza destas memórias.

Quando estas memórias se referem a contextos como o da formação da terra, quiçá do universo, refletem a grande violência dos fenómenos desses contextos que, além de violentos, carecem de organização.

É de avançar a ideia de que essas memórias estão ligadas à zona anal e é, ainda, de avançar que a estimulação dessa zona se for precoce e/ou violenta lhes abre caminho.

Mas também a zona genital poderá associar memórias violentas sendo que os contextos que referem são de natureza diferente porque já há alguma organização.

Maslow considera a sexualidade uma necessidade básica e coloca-a ao nível da comida e do abrigo.

Não sei definir níveis de importância, mas poderei dizer que a sexualidade nos vem precedendo há muito tempo – talvez desde o começo.