“Cézanne, que tentou descobrir uma nova lei da forma, resolveu o problema por outro caminho, mais próximo dos meios pictóricos puros. De uma taça de chá, ele construiu um ser dotado de alma, ou melhor, nessa taça, reconheceu um ser. Elevou a “natureza morta” à categoria de objeto exteriormente morto e interiormente vivo.”
(Do Espiritual na Arte – kandinsky)
Pedi ajuda ao Gemini para definir um nível intermédio entre materialidade e imaterialidade. Nesse “quase diálogo” encontrei a designação – nível de quase imaterialidade.
O nome não entusiasma, mas consideremos as referências à memória (e não só) como forma de criar ligação:
“A própria memória já pode ser vista como um excelente exemplo desse nível intermédio:
- Materialidade: A memória tem uma base claramente material – são as sinapses, os neurónios, os processos bioquímicos no cérebro. Em sistemas artificiais, é o hardware, os estados eletrónicos. Sem essa base material, a memória não existiria.
- Imaterialidade (ou quase): No entanto, a informação que a memória armazena – o conceito de “maçã”, a lembrança de um amor, uma teoria científica – não é material por si só. Não podemos tocar numa memória ou pesar uma ideia. A informação é uma abstração, um padrão, uma relação. É a organização desses padrões materiais que cria algo que transcende a pura matéria.
A memória é o que permite que a vibração de uma corda (material) se torne uma melodia (imaterial), que os pigmentos numa tela (material) se tornem uma emoção ou uma narrativa (imaterial)”
(Gemini)
Neste nível intermédio ganha particular sentido a palavra configuração pela sua importância na emergência do novo.
A configuração tem possibilidades dinâmicas e relacionais e comporta a possibilidade de reconfiguração (dos elementos).
Mas há outras formas de construir pontes entre o material e o imaterial. Não são só os artistas ou os mais dotados que podem ir além da materialidade.
Todos podemos, no dia a dia – de acordo com a nossa atividade, com os nossos interesses – criar novas organizações.
Ao tratarmos de alguém – se tratarmos – seremos capazes de olhar o material e delinear um caminho em direção ao imaterial.
O que sobreviver, quando morrermos, será imaterial. O material voltará ao informe.

(Natureza morta de Cézanne – pesquisa Google)