Gilgamesh poema (épico) da mesopotâmia, escrito por volta de 1800 a. C. em tabuinhas de argila, é considerado um dos primeiros textos (conhecidos) da literatura mundial.
Nele, o tema da morte bem como o da procura da imortalidade já estão presentes. O poema fala dos feitos heroicos de Gilgamesh (rei) e de Enkidu (companheiro).
Enkidu morre, Gilgamesh chora-o desolado.
A profunda tristeza que sente, bem como o medo da morte, levam o herói a procurar um caminho para a imortalidade.
“Avistou um carro na estrada, ao longe. Ficou a vê-lo a contornar cada curva – nele vinha a morte. Sentada no banco da frente, ao lado do motorista, sobressaía na viatura clara.
Ele quis rever a sua vida; mas o passado falhou, tornou-se folha branca sem letras ou desenhos ou linhas.
Tentou o futuro; mas o futuro não chegava.
Chegava a morte, vestida de negro.
Era uma mulher – um lenço escuro atado à cabeça cobria-lhe os cabelos e dava ao rosto a forma de um triângulo que não gostava de ser triângulo”.
(de: Entre ontem e amanhã – F. Pimentel)
“O serviço funerário continuava pago, mas ela continuava a ter falta de ar ao imaginar-se numa urna apertada. Começava a habituar-se à ideia de ser cremada.
Mas um dia viu-se a caminhar em direção ao sol, num final de tarde de verão. À medida que avançava, sentia o corpo a tornar-se leve, transparente, imaterial,
quase a desaparecer…
Suspirou, demoradamente
(era assim que eu gostaria de morrer)”
(de: Manhã de Orvalho – revisto)

(de: Gemini)