Monstros

Em “Os três marinheiros” – última publicação – aparece a voz de uma criatura que identificamos como monstro marinho ainda que não apareça de forma explícita. Porém, os mil braços são um traço recorrente nesse tipo de monstros.

Todos conhecemos os traços mais repetidos dos monstros marinhos ou não: várias cabeças, olhos vermelhos, bocas enormes, tamanho impressionante.

As imagens mentais relativas a monstro são, muitas vezes, compósitas – a mesma imagem agrega traços de criaturas diferentes.

“Mas as sombras negras do que havia ficado para trás, conseguiriam passar através da porta que se havia fechado.

Lutavam para existir – torturavam para existir. Instalavam-se, de forma insidiosa, na cabeça dos seres que a evolução ia trazendo.

A evolução teria de lutar contra o escuro”.

(de: Textos)

Os monstros são, ainda, criações mentais. Materializam medos que acompanharam e acompanham a evolução.

Medo de voltar ao informe, de perder a consistência, de ficar preso, de ser comido (mastigado) de ser apanhado e, em última análise, de ser morto.

Os monstros referem períodos evolutivos de pesada materialidade.

É certo que se prefiguram monstros no nosso tempo – vão aparecendo aqui e ali para espanto e preocupação dos que pensavam que eles já não teriam lugar. Mas esses teremos de os sofrer porque não temos, ainda, recuo suficiente para os neutralizar.

Há animais mais propícios a ser monstros – os repteis suportam bem essa carga – as serpentes, em particular – mas também os grandes cães.

O cérebro de reptil continua no nosso cérebro e é responsável por ferocidades que ainda, hoje, nos fazem tremer.

(gerada por IA)