Sentimos o lado estranho do imaginário ao escrever uma narrativa fantástica. Poderemos, agora, tentar escrever um conto maravilhoso.
Os benefícios da escrita são os mesmos da leitura, mas são mais efetivos. Esta é uma boa razão para escrever.
No maravilhoso, o tempo é indefinido: há muitos, muitos anos…
Era uma vez…
O espaço é indefinido: num reino distante…
Tempo e espaço (indefinidos) criam “um real” possível para que o maravilhoso intervenha e seja aceite pelo leitor (criança ou adulto).
Já todos, um dia, lemos “O gato das botas” ou Sinbad o marinheiro ou As mil e uma noites – conhecemos o maravilhoso.
Os contos maravilhosos vieram do oriente e não tiveram dificuldades em ser aceites (ou adaptados) pela nossa cultura – a base é universal.
Poderemos escrever um conto maravilhoso partindo da situação anterior – a bola azul move-se no espaço e um pedregulho vem na sua direção?
Será um desafio.
Mas será interessante perceber que maravilhoso faremos intervir.
Poderemos encontrar outro ponto de partida.
Conseguida ou não em termos literários, esta narrativa poderá ser esclarecedora acerca de nós e poderá abrir caminhos de desenvolvimento próprios (situando-se numa linha de divergência que não deve ser, pelo menos no começo, muito marcada.)
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O jogo, a imaginação, o fazer de conta, os superpoderes estão na base do processo criativo – no momento seguinte, a arte em cena. O trabalho de investigação começa. A materialização das ideias encontra o momento.
O imaginário abre janelas – segue um movimento de expansão.
As memórias remotas são um prodigioso pano de fundo para desenvolver o imaginário – as que ligamos à escuridão e também as que ligamos à luz (as do branco e as do preto).
Algumas, porém, são pesadelos. Terão de ser contextualizadas e aclaradas.
Quem lê ficção, lê, com frequência, as memórias de pesadelo do autor.
Às vezes sem nenhuma elaboração.