“Eu penso – diz o amigo Matias – que houve (há) duas evoluções:
– Uma será mais um sistema de informação que permanece em pano de fundo a orientar a evolução material.
Será, portanto, imaterial.
A outra – evolução material – corresponde à parte da informação que encontrou condições para se materializar”.
(de: Entre ontem e amanhã)
Hoje, eu substituiria “encontrou” por “encontra”.
Penso que a linguagem terá evoluído entre uma e outra forma de evolução mas é imaterial na sua essência.
Claro que a evolução criou um aparelhamento biológico necessário à linguagem e ao seu desenvolvimento, mas a linguagem trouxe uma larga recompensa em termos de imaterialidade.
A linguagem não é só comunicação. A linguagem deu forma ao cérebro, tornou-o mais hábil e favoreceu uma evolução mais rápida.
A linguagem desempenha um papel de importância maior na cognição.
A primeira forma de comunicação terá sido através do som, depois, vieram as imagens – os criadores de imagens rupestres encontraram sentido em as executar em sítios onde o som (eco) fosse particular.
A linguagem mantém esses dois aspetos (som e imagem) -essencialmente concretos – mas transcende-os e vai muito além no sentido da abstração.
Chomsky, linguista americano, nascido em 1928, é responsável pela mais profunda revolução na linguística moderna, revolução que vai ao encontro das ciências cognitivas. O seu livro “Sobre a Natureza da Linguagem” é um dos mais significativos.
Do livro “A Evolução da Mente” de Joseph Jebelli, já citado, deixo uma passagem:
“Quando os nossos antepassados usaram a linguagem pela primeira vez não tinham ideia de como isso modelaria os seus cérebros. Porém, tal como o exercício físico modifica os nossos corpos e a dieta altera os nossos intestinos, a linguagem transforma de fato a estrutura física dos nossos cérebros. Os neurónios estabelecem ligações duradouras em resposta a visões e sons – incluindo palavras -, e esta conetividade neuronal constitui a base da matéria cinzenta do cérebro onde é processada toda a informação acerca do mundo”.
Teremos, então, de olhar e trabalhar a linguagem, considerando os seus diversos valores. Quando falamos em linguagem referimos, de uma maneira geral o seu valor na comunicação – e, logo, no social. Mas a linguagem tem outras dimensões.
A linguagem é mediadora na informação.
É valia no processo cognitivo.
Na medida em que medeia a informação oferece possibilidades de mudança.
Desenvolver e criar linguagem é fundamental.
De: A evolução da mente de JosephJebelli