É verão, estamos em férias, decidimos passear, a pé, pela natureza. Primeiramente, encontramos uma pequena elevação a que subimos lentamente, tomando consciência do subir. Ao chegarmos ao alto poderemos querer ver a paisagem em volta que se estende por campos mais ou menos planos. Depois, descemos.
Continuamos a andar e passado algum tempo, encontramos a bacia de um pequeno lago que secou.
É na natureza que encontramos as primeiras formas convexas e côncavas.
E se pararmos para sentir, daremos conta de que o sentimento do convexo não é o mesmo que desperta o côncavo.
Também o corpo humano se desenvolve numa alternância de formas que sugerem côncavos e convexos.
Será interessante também aqui consciencializar o sentimento ligado a umas e outras.
O significado destas formas pode variar conforme o contexto, porém, o côncavo está mais ligado a proteção e acolhimento – quando damos um abraço criamos um côncavo para receber um convexo.
Os símbolos mais claros de côncavo corresponde à curvatura (para dentro) de uma concha ou ao gesto da mão para recolher água.
A forma côncava liga-se, assim, à recetividade, à abertura.
Tem, porém, outro lado – o côncavo pode ser ligado a vazio ou ausência. Pode determinar um desejo natural de preencher.
Ou a obsessão.
O convexo pode ser símbolo de solidez. Liga-se, em certos contextos, a poder, expansão e crescimento.
Na arquitetura islâmica as cúpulas convexas sugerem o infinito e desejam a proteção divina.
As da Basílica de S. Pedro, em Roma, inspiram grandiosidade.
Na escultura e arquitetura contemporâneas, as forma côncavas e convexas encontram um espaço natural – opõem-se e completam-se – criam jogos de luz. As formas côncavas criam espaços que nos acolhem e as convexas produzem efeitos escultóricos. Um exemplo claro e, de certa forma, único é o Museu Guggenheim de Bilbao.
As duas ilustrações que seguem – uma pintura e uma escultura pertencem a Henry Moore são exemplos expressivos do que vem sendo dito. Reparemos que a pintura não é tridimensional, mas mesmo assim, as linhas sugerem o efeito côncavo-convexo.
Pintura e escultura de Henry Moore


(Dasartes)
Proposta: joguemos ao côncavo-convexo com uma carteira de comprimidos a que foram retirados os comprimidos. Quando empurramos com o dedo a película que protegia o comprimido, alteramos a forma. Repetimos num sentido e noutro. Joguemos, mas dando sentido ao que estamos a fazer.