Os haiku – pequenos poemas japoneses – são bons exemplos de ressonância de palavras, imagens, textos.
São constituídos (normalmente) por 17 sílabas distribuídas por três versos de 5-7-5 (sílabas).
Vejamos um exemplo:
Ao luar pálido:
O perfume das glicínias
Vem de longe
(de:Yosa Buson)
Estes poemas capturam momentos especiais da natureza. Não os descrevem – usam palavras e imagens com forte poder de sugestão e evocação.
Resultam da justaposição de duas imagens – Kiraji é a palavra que faz o corte (Kiru) entre elas.
Materializados na escrita levam à contemplação, à beleza, à reflexão – é uma poesia simples (em aparência) mas profunda.
Ainda nesta relação materialidade – imaterialidade na escrita recordo o poema “O corvo” de Allan Edgar Poe. Sublinho a expressão “Nunca mais” que, repetida ao longo do poema, causa um sentimento intenso de finitude (de irreversibilidade) que perdura, durante muito tempo, após a leitura do poema.
Quando falamos de encantamento (ou repúdio) relativamente a um texto – à emoção que ele provoca, falamos de imaterialidade. Imaterialidade é ainda o que fica quando a leitura acaba.
