Quando tentámos arrumar o que era nosso e o que era dos outros (publicação “Nós e os outros”) tínhamos em vista um processo de individuação.
É o momento de o continuarmos no sentido de reforçar aquilo que mais (ou melhor) nos pertence.
A consciencialização do todo ou de alguma parte que queiramos destacar será o ponto de partida mesmo que com a continuidade tenhamos de fazer acertos.
Será um trabalho de construção que pede resiliência e tempo – na verdade, nunca está acabado.
A interação com os outros continua (ainda bem) nos seus aspetos melhores mas também piores.
Por isso, quando estamos a trabalhar no sentido de reforçar o eu deveremos escolher relações que sintamos como positivas e evitar, se possível, as que nos criam dificuldades porque são invasivas ou, de alguma maneira, destrutivas.
Reforçar o eu é um processo continuado e não decorre, naturalmente, da vontade de o reforçar. É necessário verdadeiro empenho como é necessário valorizar qualquer ganho mesmo o mais pequeno.
É necessário estar atento à consistência, à terra firme.
Ao falarmos de reforço do eu, falamos de identidade nas suas diferentes manifestações.
E também na manifestação sexualidade. A sexualidade não se restringe ao ato sexual, fala também de necessidade de ser tocado, de intimidade, de ligação a alguém e de expressão pessoal.
A sexualidade é uma área que poderá ser moldada pela emergência de memórias descontextualizadas. A violência que, frequentemente, se manifesta no comportamento sexual, diz alguma coisa (poderá dizer muito) sobre outras violências que pertencem a outros contextos.
Proposta:
Vemos, à altura dos nossos olhos uma bola. A bola abre-se e saem dela muitas bolas pequenas.
Cada bola será uma possibilidade, um sentido, uma necessidade. Escolhemos algumas – não poderemos escolher todas.
Avaliamos cada uma (começamos pela que consideramos mais fácil de conseguir).
Definimos um caminho e avançamos no sentido da materialização.