O monstro das histórias infantis não tem materialidade e, como tal, não existe. Mas muitas vezes permanece em nós como se tivesse uma existência real. Não é material, mas também não é imaterial – tem uma materialidade imaterial ou uma imaterialidade material conforme o caso.
Porque esse nível de existência não é igual para todos nós – liga-se à forma como vivemos o monstro, como ele permanece em nós.
A criança é sensível, vive os medos com exagerada sensibilidade – num estado semelhante ao de alteração de consciência.
Mas criança ou adulto se, por acaso, ligámos o monstro a uma vivência real (negativa), teremos propensão para um nível de perturbação forte.
O ambiente em que vivemos como adultos, mas sobretudo como crianças, modelará a força perturbadora do monstro.
O advento da racionalidade pelos 7,8 anos, deveria trazer um ajuste á realidade, mas nem sempre o faz ou fá-lo de forma insuficiente.
Teremos, então, de procurar o nosso monstro, defini-lo e, de cada vez que ele se manifeste – mesmo de forma encapuçada – repetir : aqui e agora.
O monstro acabará por ser remetido para a irrealidade.
Nota: este conteúdo foi publicado como artigo, no LinkdIn, com o título materialidade/imaterialidade.