Elaborar

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Retomo a pergunta – o que ativa as memórias remotas?

Não é minha intenção responder de imediato, mas ir fornecendo ao cérebro dados, numa linha regular e continuada, de forma a que a médio/longo prazo ele elabore uma resposta ou que, pelo menos, me indique um caminho. Esta é uma operação de que muitas vezes não temos consciência ou que não valorizamos o bastante.

Quando a resposta nos surge, não a ligamos a esse trabalho de elaboração do cérebro – chamamos-lhe “iluminação” (insight) ou gritamos “descobri”.

Os primeiros dados que vamos fornecer ao cérebro são os referidos nos excertos que, a seguir, transcrevo, retirados do livro “O poder das palavras” de Mariano Sigman.

“Ao ligar um neurónio a outro, as sinapses formam a base celular da memória.”

“O circuito de neurónios que codifica todos os atributos de uma recordação é denominado “engrama”. Quando os neurónios de um engrama são ativados, nós evocamos essa recordação”.

Quando evocamos essa recordação – continuo a seguir a linha deste autor – poderemos apagar sinapses, acrescentar outras e, assim, criar uma nova versão da memória.

As associações de que temos vindo a falar e até a desenvolver, jogarão – quanto a mim – um papel importante na edição de uma recordação.

A operação “guardar” – aproveito a comparação do autor a um ficheiro que abrimos, alteramos e guardamos de novo – não é em modo “acabado”.

Mas, a este processo de fornecer dados, teremos de acrescentar a reflexão sobre o tema que deverá ser regular e continuada.

Poderemos descobrir outras formas.