Para crescer, para nos diferenciarmos, é preciso separar-nos – é sabido.
A primeira separação é o nascimento. Antes, fazíamos parte de um todo com a nossa mãe.
Para avançarmos – crescermos – temos de nos ir separando de pessoas, de hábitos, de maneiras de pensar.
A separação da família – que não é uma verdadeira separação nem tão pouco um abandono, faz-se aos poucos com mais ou menos sucesso.
Para sermos “crescidos” teremos de aprender a pensar por nós próprios, a sermos nós próprios.
A individuação passa, naturalmente, por esse trabalho; mas nem sempre decorre com sucesso e o nosso eu continua ligado ao eu coletivo, os nossos sentimentos misturam-se com os dos outros – como já foi referido – as dores do todo são as nossas, sem medida e sem distinção. E, quando regredimos, partilhamos as dores que deveriam ter ficado para trás porque fazem parte de um contexto anterior ao nosso.
A arrumação feita através da caixa eu/não eu ajudará neste processo.
A delimitação em relação ao “todo” é lenta e difícil – às vezes o trabalho de uma vida; mas é necessária.
Como é necessária a continuidade de ligação ao “todo”.
A resolução passará por obter um equilíbrio entre pertença a um todo e individuação. Há um custo por pertencer a um todo – como há um custo por ter sucesso num processo de individuação.
Como equilibrar esses dois custos? – Deixarmos de ser nós, deixa-nos incompletos – não termos um todo, do qual possamos fazer parte, deixa-nos vulneráveis.
Definir se uma memória ou uma ideia intrusiva pertence ao todo ou a nós será uma primeira tomada de consciência.
Seguir em frente será mais claro.
