Se lemos com atenção o que vem sendo dito e aceitámos as propostas feitas, já mudámos.
Toda a mudança, ainda que desejada, implica perda. Implica, ainda, alterar informações antigas. É, neste sentido, geradora de culpa.
A culpa acarreta desvalorização de nós próprios e esta pode conduzir à depressão – dado que houve um esvaziamento.
É certo que quando mudamos (para melhor) há ganho; mas o equilíbrio não é reposto, de imediato.
O sentimento de perda pode ser muito intenso e não ser proporcional ao valor da perda mas dramatizado por perdas anteriores (em termos evolutivos) – gastar dinheiro, por exemplo, pode tornar-se uma tortura se atualiza o sentimento de uma perda anterior – normalmente afetiva – da história pessoal.
Assim, a mudança decorre num conflito entre ordens que ditam a necessidade de evoluir e contra- ordens ligadas à necessidade de conservação.
Todas as grandes criações no sentido em que são originais, são acompanhadas de sentimentos de culpa – manifestos ou não.
A culpa liga-se ao sentimento de que estragámos qualquer coisa. Essa qualquer coisa pode ser uma ordem que alterámos ou esquecemos (o que não é melhor). Por isso, a mudança é ainda um abandono onde não é muito claro se nós abandonámos ou se fomos abandonados.
Devemos aprender a reconhecer estes sinais que, extremados, poderão impedir-nos de continuar.
É útil explicitar a mudança para tomar consciência do que mudou.
É, ainda, útil confirmar a mudança (no concreto) – compramos algo que nos dê prazer. Não esquecemos de sublinhar que essa aquisição significa a mudança.
Poderemos também fazer uma mudança – na casa, numa peça de vestuário… introduzir um elemento novo no que é habitual..