Movimento2

“Fechei os olhos e imaginei uma cerejeira quase em flor. Centenas de botões esperavam…

Vi um botão a abrir, depois outro e outro e outro.

Prolonguei o jogo

A cerejeira ficava coberta de flores…

Os meus olhos não viam, mas era como se vissem.

Seguiram o movimento de cada flor.

Repetidamente.

Os meus olhos aprenderam esse movimento.

(de: O estranho caso do livro em branco)

Este movimento de abertura tinha como intenção predispor a personagem para criar – neste caso, escrever.

Ficam outros exemplos de movimento de abertura: ver aves a voar, rotundas de onde saem vários caminhos, viver aventuras por sítios novos (viajar) , reciclar objetos velhos dando-lhe outra forma ou outra utilização. Abrir-se a outras relações, novos sentimentos, outras iniciativas.

Ficam também exemplos de movimento de fechamento: apertar a malha de uma rede, diminuir a amplitude de um ritmo, visualizar figuras geométricas.

Em qualquer dos casos – e sempre que pretendermos alterar alguma coisa – é necessário criar um ambiente de disponibilidade e de silêncio. Silêncio interno e externo. É necessário ver – ver mesmo – e repetir.

No mesmo livro, vai aparecer um segundo momento que dará continuidade ao primeiro. Este decorre do ciclo natural.

“Reencontrei a cerejeira – as flores já caíram.

Em breve será a vez de os frutos nascerem.

Vejo em cada ramo, pequenos frutos verdes.

São muitos e eu vou vê-los todos.

Um

a

um

…..”