Os excertos que seguem situam-nos numa linha ampla de continuidade da qual temos pouca consciência.
“A minha história, a dos meus antepassados e dos antepassados dos meus antepassados, tem as suas raízes para lá da história dos homens, na história da vida, uma história já longa …
Os meus genes nasceram (ou quase) quando emergiu a molécula que os programa, o ADN…
Mas, mais do que isso, a minha história, a dos meus antepassados e dos antepassados dos meus antepassados, a da vida, enraíza-se na história da Terra…
A minha história e a dos meus antepassados, a da vida e da Terra enraízam-se também na história do universo…
Poderíamos recuar ainda mais longe e falar da história da energia que precedeu a história da matéria.”
(de: O Meu Corpo – A Primeira Maravilha do Mundo – de André Giordan)

“Quando trazemos à memória de trabalho uma recordação de longo prazo, estabelecem-se novas conexões, num contexto de experiência distinto e sempre novo. O cérebro que recorda é sempre diferente do cérebro que elaborou as memórias anteriores. A memória neuronal está em constante renovação”
(de: Somos a nossa memória de Emílio Garcia – coleção apresentada por Alexandre Castro Caldas).
Ainda do mesmo livro:” O cérebro adulto preserva uma grande plasticidade, que permite aprender e memorizar conteúdos, conhecimentos culturais e competências para uma adaptação contínua às exigências do meio ambiente…
Nos violinistas, que utilizam mais os dedos da mão esquerda para tocar nas cordas, a representação desta mão, que se processa no hemisfério direito, é significativamente maior do que na população que não toca um instrumento de cordas…
Um grupo de adultos que não sabia tocar piano aprendeu uma melodia durante cinco dias…A área cerebral responsável pelas sensações e movimentos dos dedos aumentou significativamente…
Noutro caso de estudo da capacidade de memorização em adultos, ensinou-se uma melodia muito simples a pessoas que não tinham qualquer experiência com piano. Foram divididos em dois grupos. Um deles praticou a melodia…O outro grupo tinha de se sentar à frente do piano durante o mesmo tempo, mas limitando-se a imaginar que tocava a melodia, sem tocar numa única tecla. Mediante a técnica de estimulação magnética transcraniana, registou-se a atividade cerebral e constatou-se que aqueles que apenas tinham imaginado tocar a melodia apresentavam as mesmas mudanças no cérebro…Demonstrava-se, assim, que o cérebro também se modifica e gera memórias ao pensar e imaginar”.
Confiemos, então, na plasticidade do nosso cérebro para chegarmos mais além.