A perspetiva em que, agora, me coloco é a de abrir hipóteses para a criação de imagens mentais que possam ajudar-nos em relação à forma como nos sentimos, ou ao que queremos fazer.
Imaginamos, desenhada no terraço, uma enorme linha em caracol e vemo-nos a caminhar sobre ela – da periferia até ao centro e vice-versa. Repetimos até tomarmos consciência de que o sentimento que experimentamos ao ir para o centro não é o mesmo que ao vir para a periferia. Enquanto que o primeiro percurso fecha, o segundo abre.
Repetimos ainda para retirar o benefício que, no momento, procuramos – se queremos coesão, insistimos nos movimentos de fechamento. Se queremos abrir-nos para novas experiências (ideias) insistimos nos de abertura.
Teremos de evitar que os movimentos de fechamento levem ao esmagamento (sentido primeiro) e que os de abertura nos conduzam à dispersão. Mas a força que usaremos será a necessária para a solução que procurávamos. Se, pontualmente, exageramos, teremos de repor o equilíbrio.
Face a uma ideia obsessiva, construímos (ou vemo-nos a construir) a linha enrolada sobre si própria num material maleável e divertimo-nos a apertá-la ou a alargá-la. Constataremos um sentimento de libertação ligado ao movimento de abertura. Descobriremos também o contrário – sentimento de aprisionamento ligado ao de fechamento.
Poderemos, concentrar pontos, de forma gráfica, como se se tratasse de partículas que vão constituir um núcleo ou dispersá-las, impedindo a coesão e abrindo-as a novas associações.
Com pequenas pérolas temos a possibilidade de criar inúmeras variações.
Para finalizar, voltamos à linha enrolada, e vamos elevá-la, pegando pelo centro, de forma a construirmos uma escultura. Colocamos a nossa escultura no centro do terraço e vamos subir por ela. Vamos senti-la. Vamos pô-la a rodar. Referenciamo-la a um eixo vertical – não a deixamos inclinar-se – e continuamos a vê-la rodar.